Militares repudiam ministros e lembram passado de luta armada
REUTERS
O Estado de S.Paulo - 08/08/2008
RIO DE JANEIRO - Militares da reserva classificaram de revanchismo a intenção de integrantes do governo de excluir torturadores da Lei da Anistia, mencionando o envolvimento de ministros com a luta armada contra o regime militar.
Reunidos em ato no Clube Militar, ex-oficiais e ex-ministros repudiaram a posição defendida pelos ministro da Justiça, Tarso Genro, e dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, de que a Lei da Anistia não deve valer para torturadores. Os ministros alegam que a tortura não é crime político, perdoado pela anistia, e sim crime hediondo.
"Isso faz parte de um revanchismo organizado que começa depois de 1979 no nosso país", afirmou o general Sérgio Augusto Coutinho, referindo-se ao ano de promulgação da Lei da Anistia.
Ex-chefe do Centro de Inteligência do Exército, o general Coutinho afirmou que a anistia foi uma tentativa de conciliar o país, o que não estaria sendo aceito pelos que a questionam agora.
"(A lei) era para marxistas-leninistas, maus, perversos, que não perdoaram a derrota que sofreram e que ocupam cargos de alto escalão no Estado", afirmou sob aplausos de uma platéia de cerca de 300 militares, entre eles o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do DOI-Codi de São Paulo nos anos 70, acusado de ter torturado militantes de esquerda.
O general Coutinho mencionou a presença de Brilhante Ustra, dizendo que uma atriz (Beth Mendes) "fingiu" que o reconheceu e declarou que havia sido barbaramente torturada por ele.
"Ele virou emblema da tortura e não descansarão enquanto não fizerem dele o monstro de Sarajevo", disse o militar em alusão ao ex-líder sérvio Radovan Karadzic, acusado de responsável por milhares de mortes na guerra da Bósnia e que está sendo julgado pelo Tribunal Penal Internacional.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário