sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Militares protestam no Rio contra possível revisão da Lei de Anistia

Militares protestam no Rio contra possível revisão da Lei de Anistia

Vladimir Platonow, Agência Brasil
JB Online - 08/08/2008


RIO - Cerca de 700 oficiais da Marinha, Exército e Aeronáutica se reuniram nesta quinta-feira, no Clube Militar, no Rio de Janeiro, para protestar contra a possibilidade de revisão da Lei de Anistia, que pode levar à punição de acusados de torturas e outros crimes contra presos políticos durante o regime militar.

Na platéia, estavam o comandante do Comando Militar do Leste, general Luiz Cesário da Silveira Filho, e o coronel da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra. O militar da reserva é acusado por entidades de direitos humanos de ser um dos torturadores do Doi-Codi (Departamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna) de São Paulo. O Doi-Codi foi um órgão de repressão aos militantes que se opuseram à ditadura. Nenhum dos dois quis falar com os jornalistas, limitando-se a dizer: “Nada a declarar”.

Em nota divulgada ao final da reunião, os militares dizem que “causou espanto a extemporânea e fora de propósito iniciativa de ministros do atual governo de se voltar a discutir uma lei cujos efeitos positivos se faziam sentir há bastante tempo. Foi um desserviço prestado ao Brasil e com certeza ao próprio governo a que pertencem”.

O texto afirma ainda que “se houvesse mesmo interesse em debater problemas nacionais, os dois ministros deveriam optar por algo mais atual e que incomoda em maior intensidade: os inúmeros escândalos protagonizados por figuras da cúpula governamental, ou ainda mais recentemente a gravíssima suspeita de envolvimento de alguns deles com as Farc".

A nota não menciona os nomes dos ministros a que se refere, mas, segundo o presidente do Clube Militar, general da reserva Gilberto Figueiredo, eles são os da Justiça, Tarso Genro, e dos Dirteitos Humanos, Paulo Vanucchi.

Na saída do evento, manifestantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) e do grupo Tortura Nunca Mais protestaram na porta do Clube Militar e chegaram a bater boca com participantes da reunião.

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), capitão reformado do Exército, irritou-se e xingou os manifestantes, dizendo: “O único erro foi torturar e não matar”.

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