Brilhante Ustra na platéia
Marcelo/AE
Ustra, coronel reformado, conseguiu escapar do assédio da imprensa refugiando-se num banheiro
Mas se no púlpito as atenções estavam voltadas para os discursos inflamados — com direito a soco na mesa do ex-ministro do STJ, Waldemar Zveiter —, na platéia a curiosidade era a presença de Brilhante Ustra, réu em processo movido por uma família de participantes da resistência à ditadura. Maria Amélia de Almeida Teles, que disse que ela e sua irmã, marido e dois filhos foram torturados por Ustra nos anos 1970 no DOI-Codi paulista. Hoje coronel reformado do Exército, Ustra comandou, de setembro de 1970 a janeiro de 1974, o DOI-Codi de São Paulo, o maior órgão de repressão aos grupos de esquerda envolvidos na luta armada contra o regime.
Houve 502 denúncias de torturas referentes a esse período. Em agosto de 1985, a atriz e então deputada federal Bete Mendes o apontou como o homem que a torturara e pediu ao presidente José Sarney que o destituísse de seu posto na Embaixada no Uruguai. “Querem fazer dele (Ustra) um alvo enigmático da tortura no Brasil”, disse o general Sérgio Augusto Coutinho, sem citar seu nome.
“Esqueceram os crimes hediondos dos terroristas, que assassinaram, explodiram e seqüestraram”, discursou, sob aplausos. Ele criticou a “satanização” das Forças Armadas, referiu-se a atos de tortura como “supostos”, justificou o AI-5 (Ato Institucional número 5, o mais duro do regime militar) e lamentou o desejo de “continuísmo” do governo Lula. “Há no Brasil um processo revolucionário socialista em curso”, caracterizou. Depois da tarde de debate quente, o Clube Militar ofereceu uma programação mais leve aos seus oficiais: um show de bossa nova e um queijos e vinhos com o cantor Pery Ribeiro.
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