quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Mais uma asnice do lullarápio...

Do Reinaldo Azevedo, na Veja:

LULA E A BARBÁRIE: “VALEU A PENA CADA CHOQUE QUE VOCÊS TOMARAM”
terça-feira, 22 de dezembro de 2009 | 7:05
“Ah, como você fala de Lula”, reclamam os petralhas. Pois é… É que Lula fala muito. E ele pode até me entediar às vezes — no mais das vezes, o lado cômico me diverte —, mas não vou me acostumar com suas simplificações nem darei de barato alguns absurdos que diz. De certo modo, eu sou uma das pessoas que mais respeitam a figura institucional do presidente da República. Se o “presidente” fala, então eu considero assunto relevante. E não tenho culpa, não mesmo!, se o presidente da hora é Lula e não consigo me acostumar com alguns de seus juízos tortos.

Ontem, houve aquela cerimônia sobre direitos humanos, aquela da Dilma-sem-peruca (ver post). Inês Etienne Romeu, uma ex-militante da Vanguarda Popular Revolucionária — grupo a que Dilma também pertenceu — foi condecorada. E o PRESIDENTE DA REPÚBLICA disse esta maravilha:

“Minha querida Inês, eu só queria te dizer uma coisa: valeu a pena cada gesto que vocês fizeram. Cada choque que vocês tomaram, cada apertão que vocês tiveram, valeu a pena porque nós aprendemos”. As pessoas presentes, acreditem vocês, aplaudiram!!! E ele então completou: “E, na medida em que a gente aprende, a gente garante que não haverá mais retrocesso neste país e isso nós devemos a vocês que lutaram por nós.”

Trata-se de um juízo obviamente asqueroso, que consegue ver virtude na tortura. O que ele diz é claro, não requer nenhuma interpretação. MENTIRA! NÃO HÁ CHOQUE DADO PELO ESTADO QUE VALHA A PENA. NÃO HÁ APERTÃO DADO PELO ESTADO QUE VALHA A PENA.

Eis uma concepção de história e de luta política que admite, em algum grau, a utilidade da violência. Na base dessa concepção, está a tese de que a liberdade e a democracia são filhas do martírio. E é escusado dizer que parte das esquerdas acredita nisso ainda hoje — freqüentemente, alguém corre os riscos em lugar dos formuladores dessa visão de mundo.

Se o choque valeu a pena, senhor Luiz Inácio Lula da Silva, aquele que deu o choque também cumpria o seu papel na construção da liberdade. Quem, em sã consciência, poderia fazer tal alegação? A rigor, no rol das declarações estapafúrdias de Lula ao longo de sete anos, esta deve ocupar o primeiro lugar.

Quanto ao resto, dizer o quê?
EU NÃO DEVO A MINHA LIBERDADE À VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA. A VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA É QUE DEVE SATISFAÇÕES ÀS FAMÍLIAS DAS PESSOAS QUE O GRUPO TERRORISTA MATOU. E ESTAS NÃO SERÃO INDENIZADAS PELO ESTADO.

Sim, ao lado da concepção estúpida de história e de ter encontrado uma utilidade política para a tortura, há no discurso de Lula aquela reescritura do passado, que faz crer numa luta do Bem contra o Mal. Se for nesses termos, tratava-se de uma luta do Mal contra o Mal.

Os mortos da ditadura foram 427 (segundo as próprias esquerdas — e não deveria ter morrido uma única pessoa depois de presa, que se destaque) porque a VPR de Dilma e grupos terroristas afins não venceram a batalha. Tivessem vencido, e contaríamos os cadáveres aos milhares, quem sabe aos milhões. Porque a direita reacionária sempre foi aprendiz na arte de matar, coisa em que as esquerdas foram e são profissionais exímias.

É tudo um lixo. Mas não vejo ninguém extraindo lições de moral do lixo da direita. Já o lixo da esquerda tem a pretensão de erigir um evangelho!

Dou uma banana para as virtudes dos choques elétricos do discurso de Lula!

Dou uma banana para esse heroísmo do terror que nunca cessa de exumar o passado porque quer seqüestrar nosso futuro.

Nenhum comentário: