quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

"Batatices" do lullarápio.

Lula discursou ontem na abertura do 9º Congresso Nacional de Iniciação Científica, na FMU, em São Paulo. Todos já sabemos que “nunca antes na história destepaiz” — expressão que agora tem a versão internacionalmente consagrada pela revista The Economist:“Never before in the history of this country” — houve um presidente como ele. Todos já sabemos que a história do Brasil começou no dia 1º de janeiro de 2003. Antes, o país era aquele misto de Vale de Lágrimas com a Caverna dos Ladrões de que falava o PT. Aí tivemos o advento, e o país nasceu. Do nada. Antes de Lula, eram as trevas (ooops!), o caos primitivo, a desordem… Aí ele surgiu e disse: “Fiat lux” (lux?), e o país passou a existir. E, vocês sabem, sem ladrões… Disso tudo, nós já sabíamos.

Nesta sexta, ele resolveu acrescentar ineditismos à sua biografia. Ao discursar, afirmou:

“Pela primeira vez na história do País, um presidente da República vai torcer para o outro dar certo. Lamentavelmente, a prática histórica desse País é quem perde torcer para outro cair em desgraça. Eu, quando deixar a Presidência, vou ser o primeiro presidente a torcer e rezar todo santo dia para quem me suceder fazer muito mais coisas do que eu, o dobro, o triplo.”

Com a devida vênia, trata-se de um discurso politicamente vigarista.

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Dilma, já sabemos, será vendida apenas como a nova cara de Lula. O que o PT promete é um governo de continuidade, um terceiro mandato— e, assim, não há algo como “fazer mais ou fazer menos”. Trata-se de um conjunto. E não seria Lula, obviamente, caso faça a sua sucessora, a anunciar: “Essa Dilma aí não é de nada!” Essa história de fazer o dobro, de fazer o triplo, é desafio que ele lança ao adversário. Agora pensem: Lula, de tal sorte mitifica e mistifica seu governo que não é possível haver quem faça mais do que ele. A razão é simples e óbvia: seria necessário alguém que dissesse mais inverdades do que ele, que mistificasse mais do que ele, que vendesse castelos de ar mais do que ele. E NÃO EXISTE ESSA PESSOA.

AFINAL, NÃO HÁ QUEM POSSA COMPETIR COM A IMAGINAÇÃO MEGALÔMANA E AUTOCENTRADA DE LULA.

Megalômana e autocentrada? Todos sabem o que penso de Barack Obama. Acho que ele é sintoma, sim, do declínio dos EUA — e isso nada tem a ver com a cor de sua pele. Seu discurso, sempre entendi e escrevi aqui muitas vezes, simbolizava e simboliza uma espécie de mergulho dos EUA no utopismo cascateiro do Terceiro Mundo. Só não creio, à diferença de muitos, que aquele país não possa se levantar. Acho que vai. Mas é evidente, o que também já escrevi, que a eleição de Obama é expressão importante de um valor da democracia: a igualdade. Dada a história dos EUA, a eleição de um negro é uma conquista não só de Obama, mas da sociedade americana.

E como Lula vê Obama? Ora, do modo como vê qualquer outra coisa: cotejando-o com… Lula! Leiam outra pérola dita ontem: “Os Estados Unidos acham que são o País das oportunidades. Somos mais que eles. Agora eles têm um presidente negro, mas nunca um torneiro mecânico chegou à Presidência lá.“

Dizer o quê? Tolice, vulgaridade, frivolidade. Para começo de conversa, quando foi eleito, Lula não era mais torneiro-mecânico havia quase 30 anos. Tornou-se dirigente sindical e depois político profissional — vivendo do que a política profissional lhe pagava. Além da ajuda do supercompadre Roberto Teixeira. Antes de Francisco de Oliveira, este escriba pespegou na elite sindical a definição de “nova classe social” — no meu caso, até a batizei: “burguesia do capital alheio”. Lula não foi o primeiro ex-pobre que o Brasil elegeu. Nem mesmo chega a ser, infelizmente, o presidente mais ignorante da nossa história.

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Lula resolveu arrostar, anteontem, até com a Terra, o planeta mesmo. Atribuiu alguns dos problemas decorrentes da poluição ao fato de ela ser redonda. “Se fosse quadrada…”, conjecturou… Suas ambições já se voltam para o Sistema Solar. E tudo, no fundo, porque, contrariando as aparências, Lula não consegue gostar de si mesmo. Não é preciso ser muito bidu para intuir que ele queria mesmo era ser FHC. E só por isso tenta eliminar o outro da história do Brasil.

Lula cita Freud — o Sigmund, não o Godoy — para falar das “intempéries” e pensa: “Se o mundo fosse quadrado…”

sexta-feira, 13 de novembro de 2009 | 5:03

Aí o Tio Rei escreve que Lula imita o humorista Barthô, e alguns acusam: “Preconceituoso!” Pois é. Em nenhuma daquelas entrevistas, o Lula da imitação foi tão longe quando o de verdade na solenidade de ontem em que o governo anunciou queda no desmatamento da Amazônia. Infelizmente, o filme, do Jornal da Globo, ainda não está no YouTube. Um de vocês poderia providenciar isso (aqui). Transcrevo trechos abaixo.

Sei lá se a água fez mal para o presidente, se alguma entidade da floresta acabou encarnando no homem, dada a sua, como é mesmo?, ligação visceral com o país, mas o fato é que, numa solenidade sobre meio ambiente, ele desandou a falar coisas estranhas — sei, leitor, ainda “mais estranhas”…

Referindo-se às forças da natureza e à nossa incapacidade para controlá-las — estava tentando justificar o apagão? —, mandou ver, literalmente: “Eu já disse várias vezes: Freud dizia que tinha algumas coisas que a humanidade não controlaria. Uma dela era as intempéries”.

Não, leitor, não adianta dizer que o único Freud que Lula domina é mesmo o Godoy, aquele do dossiê dos aloprados. O dito pai da psicanálise escreveu, com efeito, que a força incontrolável da natureza era um dos fatores da infelicidade humana. É claro que não estava pensando nos terríveis ventos e raios de Itaberá…

Se Lula começar a ler Freud — ou melhor, se ele começar a ler qualquer coisa —, pedirei asilo. Imaginem se ele tivesse a periculosidade moral dos “intelectuais” petistas com o seu poder real…

Freud para explicar o apagão? Vá lá… Mas quando Lula resolveu explicar por que a poluição não seria tão terrível se o mundo fosse quadrado, aí o bicho pegou. Leiam:

“Então, essa questão do clima é delicada por quê? Porque o mundo é redondo.

Se o mundo fosse quadrado ou retangular, e a gente soubesse que o nosso território está a 14 mil quilômetros de distância dos centros mais poluidores, ótimo, vai ficar só lá.

Mas, como o mundo gira, e a gente também passa lá embaixo onde está mais poluído (?????????????), a responsabilidade é de todos”.

Num intindi nada qui êli falô…

Aí perguntam: “Mas como aqueles radialistas de Angola e Moçambique não sacaram que o Lula que dava entrevista era um humorista?” Eu é que pergunto a vocês: “Como é que os coitados poderiam saber?”

Pois é né?

Vcs pensam que a dilmimha-bang-bang é diferente? Leiam e concluam...


DILMA DIZ QUE PODE HAVER NOVOS APAGÕES, MAS PARECE QUE A CULPA É NOSSA! ELA ESTÁ BRAVA COM A GENTE?

sexta-feira, 13 de novembro de 2009 | 5:07

Eu, hein, Rosa… Pareceu premonição, hehe. E olhem que não acredito nessas coisas. Como um católico que se preze, sou aborrecidamente racionalista. Na terça-feira à tarde, antes do apagão da Dilma, escrevi aqui um texto sobre a ex-ministra e candidata do PT à Presidência. E mandei ver: “Estou dizendo que Dilma vai perder a eleição? Eu não! Estou dizendo, aí sim, que esta tia nervosa, que dá bafão em todo mundo, que faz política como quem puxa briga, não ganha. A marquetagem vai ter de voltar à prancheta. Até agora, os magos não conseguiram uma forma de mandar a verdadeira Dilma para a clandestinidade para disputar a eleição com uma Dilma falsa.” A íntegra do texto está aqui.

Pois bem… Na noite de terça, veio o apagão, e Dilma apagou junto, deu chá de sumiço, escafedeu-se. A coisa ficou toda atrapalhada. Edison Lobão ficou aparvalhado. E culpou os ventos e os raios. Durante 20 horas, o governo tentou achar uma desculpa melhor. E acabou culpando os… raios e os ventos. Franklin Martins, o ministro da Verdade, foi a campo e decretou silêncio. Assim como ele negava, quando era jornalista, que o mensalão tivesse existido (continua a negar, é claro), também afirmou uma nova inexistência: a do apagão. Mas Dilma continuava sumida. E urgia que falasse. E ela apareceu. Para dizer que o país não está livre de novos apagões.

Ela foi indagada por uma jornalista sobre uma afirmação de 2008, segundo a qual o país estaria livre de apagões. Escandindo sílabas, cujo ritmo marcava com a mão, fazendo aquela argola quando o polegar opositor se encontra com o indicador, deu bronca em todo mundo, mas especialmente naquela que lhe fizera a pergunta. Transcrevo trechos:

“Você está confundindo duas coisas, minha filha. Você está falando de black out. Ninguém pode prometer que um sistema… Nós trabalhamos com um sistema de milhares de quilômetros de rede… Interrupções desse sistema, ninguém promete que não vai ter. O que nós prometemos é que não terá nesse país mais racionamento. Racionamento é barbeiragem. Por que é que é barbeiragem (…) Eu lamento muito o que aconteceu com os consumidores. Aconteceu nas cidades. Acho que, de fato, é muito desagradável. Agora, dizer pra mim… É tentar fazer deliberadamente confusão onde não tem e tentar apresentar o país com uma fragilidade que não existe (…) Eu acho que o ministro Lobão, ele foi sintético: “Olha, eu divulguei O QUAL era a razão, não tenho mai nada a acrescentar (…). Para o governo, esse episódio está encerrado”.

A fala da ministra é assim mesmo, cheia de anacolutos. Também já escrevi aqui que uma coisa certamente vai piorar no Palácio do Planalto se ela for eleita: a língua portuguesa. Dilma a espanca com gosto. Avento a possibilidade de que ela possa trabalhar mais ou menos como pensa. E é por isso que as coisas vão ficando descoordenadas. O apagão do país pode ser metáfora —- ou até conseqüência — de seu apagão sintático.

O que impressiona é a arrogância. Está na cara — inclusive na cara furiosa de Dilma — que o governo não tem a menor noção do que aconteceu. Técnicos da área já descartaram que tenha sido conseqüência de um raio. Houve curto em Itaberá? Cadê as provas? Este é um curto que não deixa marcas, não deixa seqüelas? A interligação das linhas, suponho, tem um grau razoável de informatização. Esse sistema não gera um miserável relatório? Sabe por que Dilma veio a público hoje? E justamente para afirmar que o país não está livre de novos apagões — que ela prefere chamar “black out”? Porque, não sabendo o que originou a ocorrência de terça, nada impede que aconteça de novo.

Como se nota, Dilma acha que criticar o governo pelo ocorrido é fazer exploração política — coisa que, sabem vocês, os petistas deploram, não é?

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