Comento: E o tal do Beltrame ainda quis falar que as FFAA são despreparadas para fazer a segurnaça de uma obra mixuruca como aquela do morro da Previdência.
Despreparado é ele...
Taxa de autos de resistência na cidade supera a de homicídios na capital paulista
Dimmi Amora
Fonte: Jornal O Globo - 09/07/2008
O despreparo das polícias do Rio, admitido pelo próprio secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, pode ser medido em números. Desde o ano passado, o número de pessoas mortas por policiais em supostos confrontos - classificados como autos de resistência - não pára de crescer. Em 2007, a polícia na capital carioca matou proporcionalmente mais gente do que os criminosos e as polícias na capital do estado de São Paulo.
A banalidade do assassinato de João Roberto, de 3 anos, está diretamente relacionada à forma de atuação policial que se desenvolveu no Rio e levou aos números tidos como assustadores por especialistas. Os PMs que cometeram o crime perseguiam um veículo suspeito. Não houve reação - como determina a lei para que seja registrado um auto de resistência -, mas, mesmo assim, os PMs atiraram. O registro, nesse caso, foi de homicídio, e não auto de resistência.
Autos de resistência: Rio tem taxa de 14 e São Paulo, de 1,8
Em 2007, as polícias mataram, nos chamados auto de resistência na capital do estado, 14 pessoas para cada cem mil habitantes. Na capital paulista, a taxa de homicídios (assassinatos por criminosos) foi de 12,1 e a de autos de resistência, de 1,8. Em números absolutos, foram 902 mortos ano passado pela polícia na capital do Rio (que tem 6,6 milhões de habitantes) e 1.311 assassinados por criminosos em São Paulo (que tem 11 milhões de habitantes). Na capital paulista, as polícias mataram 210 pessoas em confronto em 2007.
No primeiro quadrimestre deste ano, a taxa de autos de resistência continuou subindo na capital do Rio, chegando a 5,1. Só nesses quatro primeiros meses, ela já foi maior do que a mesma taxa em grandes cidades do mundo para um ano inteiro e quase a metade da de São Paulo. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) reconhece problemas, mas responsabiliza os criminosos.
Especialistas estão preocupados porque essa taxa deixou de oscilar e não pára de crescer. Se antes ela subia muito num mês e caía no seguinte, nos quatro primeiros meses de 2008 os números ficaram sempre num patamar alto. Foram 331 autos de resistência entre janeiro e abril, uma média de 82,7 por mês. Foram 83 em janeiro, 80 em fevereiro e março e 88 em abril, segundo números divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP).
- Esses números são assustadores - disse Ana Paula Miranda, ex-diretora do ISP e que agora faz análise dos números para o Instituto Pereira Passos, da prefeitura do Rio.
Em 2003, primeiro ano em que há informações disponíveis para análise de autos de resistência na capital, houve 291 mortos pela polícia nos primeiros quatro meses. O número caiu nos dois anos seguintes para 203 e 190. A partir de 2006, o número de mortos voltou a subir, chegando a 205 e a 288 em 2007.
A se manter a tendência, só na cidade do Rio serão mil pessoas mortas pela polícia em 2008, o que deve gerar uma taxa de 15 vítimas para cada cem mil habitantes. Para se ter uma idéia, segundo levantou o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Cândido Mendes, no ano de 2005 a taxa de pessoas mortas pelo crime em Nova York foi de 6,6; em Buenos Aires, de 6,4; em Paris, de 1,6; e em Tóquio, de 1,0.
Na Zona Sul, polícia causa mais mortes que criminosos
O número de autos de resistência no Rio está tão alto que, na Zona Sul da cidade, a polícia já é responsável por mais mortes do que os criminosos. Nos primeiros quatro meses deste ano, foram 15 pessoas mortas em confrontos com a polícia na região, enquanto o número de homicídios foi 13. Na área do 6º BPM (Tijuca), onde ocorreu o assassinato de João Roberto, de janeiro a abril deste ano ocorreram 24 homicídios. O número de autos de resistência no mesmo período nessa região chegou a 15, mais da metade dos casos de assassinato.
Em nota, a Secretaria de Segurança afirma que acredita ser "muito prematuro falar em projeções". O texto continua: "Até porque, se usarmos o mesmo raciocínio, poderíamos dizer que o roubo de carros vai acabar nos próximos anos no Rio, já que a queda mês a mês tem sido superior a 10%. Faz sentido?". A SSP contesta as comparações com São Paulo. Segundo a nota, "lá, a política de segurança completou dez anos e aqui estamos na metade do segundo ano, resgatando as polícias de uma penúria de que talvez nem a sociedade tenha noção. (...) São realidades muito diferentes, difíceis de comparar com equilíbrio".
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