Graças a Joaquim Roriz, candidato ao governo do Distrito Federal pelo
PSC, à rotina de escândalos políticos de Brasília, simbolizada pela
prisão do governador José Roberto Arruda (ex-DEM), agregou-se o
deboche. Desde o dia 23 de fevereiro, Roriz aparece em rápidas
inserções do programa eleitoral do PSC, do qual é presidente de honra,
para demonstrar uma inusitada indignação com o esquema de corrupção
montado por Arruda e aliados no DF.
As falas, visivelmente editadas, tentam compensar a incapacidade de
articulação narrativa de Roriz, mas o elemento ofensivo do discurso
não está na forma, mas no conteúdo. Roriz, pai de todos os escândalos
do DF, nos últimos 20 anos, se diz indignado com o que vê. E não se
trata de uma piada.
“É tão vergonhoso, é tão escandaloso e eu fico numa indignação eu fico
numa vergonha meu Deus do céu, como pode chegar nisso aí?”, pergunta
Roriz, aos céus. “Mas, por outro lado, eu vejo firmeza na Justiça. A
Justiça vai punir, a Justiça vai fazer como ela está fazendo. Então eu
fico, por um lado eu fico com profunda decepção, e, por outro, cheio
de esperança que a Justiça cumpra seu dever”, ensina o probo
ex-senador do PMDB que, ocasionalmente, renunciou para não ser cassado
por corrupção.
Joaquim Roriz, goiano de Luziânia, governou o Distrito Federal por
quatro vezes, a partir de 1988, indicado bionicamente pelo então
presidente José Sarney. Desde então, dedicou-se à construção física de
currais eleitorais em forma de imensos e miseráveis assentamentos em
torno da capital federal, aos quais se vinculou por meio de
distribuição de lotes e por um discurso político populista e
messiânico, deliberadamente repleto de erros de português e de
citações religiosas. Ocorre que, em nome de Deus, Roriz já fez o
diabo.
Contra o ex-governador há o registro de seis notícias crimes e cinco
inquéritos no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Trata-se de um rol
que inclui desde racismo (chamou um eleitor de “crioulo petista,
durante um comício) a improbidade administrativa, falsidade ideológica
e crimes contra a fé pública.
Mas, enquanto permaneceu no mundinho quadrado do Distrito Federal,
Roriz sempre conseguiu se safar, de um jeito ou de outro, ora
debruçado sobre genuflexórios das igrejas locais, ora derramado em
lágrimas entre cabos eleitorais mantidos nas monumentais favelas que
ajudou a criar em torno de Brasília.
Fonte: http://gilsonsampaio.blogspot.com/2010/03/joaquim-roriz-o-pai-de-todos-os.html
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário