Militares defendem a Lei de Anistia, em seminário no Rio
Paulo Marcio Vaz, Jornal do Brasil
JB Online - 08/08/2008
RIO - Dentro do banheiro do Clube Militar, no Centro do Rio de Janeiro, o coronel da reserva Carlos Alberto Brilhante Ulstra sabia que um batalhão de jornalistas o esperava na porta para que ele pudesse, quem sabe, se explicar a respeito das acusações feitas por ex-presos políticos, de que seria um dos principais torturadores da época da ditadura militar brasileira. Porém, ao sair e ser abordado, Ulstra disse apenas o que já se esperava dele:
– Nada a declarar.
E foi repetindo a frase até que o deixassem em paz.
A cena, rara e insólita, se deu durante o intervalo de um seminário promovido pelo Clube Militar, que serviu para os militares se pronunciarem contra a proposta dos ministros da Justiça, Tarso Genro, e dos Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, sobre uma possível punição para os torturadores da época da ditadura, apesar da Lei da Anistia.
Além de Ulstra, também estiveram presentes – todos à paisana – ex-colegas de farda e alguns militares da ativa, como o comandante militar do Leste, general Luiz Cesário da Silveira Filho, que evitou dar declarações sobre a polêmica.
O principal argumento em defesa da Lei da Anistia – e contra a punição aos torturadores – foi dado pelo ex-ministro do STJ, Waldemar Zveiter:
– Quando a Lei da Anistia foi promulgada, não existia a tipificação do crime de tortura, o que só ocorreu em 1997.
No seminário, não faltaram críticas ao governo federal e até acusações de envolvimento de alguns ministros com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Do lado de fora do Clube, estudantes e parentes de desaparecidos políticos protestaram e chegaram a bater boca com militares.
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