FICHAS DE TARSO E VANNUCHI
O Estado de S.Paulo - 08/08/2008
A pedido do general Gilberto Figueiredo, presidente do Clube Militar, o general Coutinho falou da atuação dos dois ministros durante a ditadura militar. Disse que Tarso Genro, quando jovem, integrou a ala vermelha do Partido Comunista Brasileiro, que posteriormente se aliou a Vanguarda Armada Revolucionária (VAR-Palmares). "Por essa militância foi chamado a depor duas vezes, muito provavelmente no Dops, e quando pressentiu que seria chamado pela terceira vez foi para fora do país", disse o general, acrescentado que o atual ministro voltou ao país com intermediação de "duas figuras ligadas à revolução de 64", que o indicaram para fazer curso no CPOR.
Ainda segundo o general, após seu retorno Tarso se filiou ao MDB mas tinha "dupla militância" com o "trotskista" PCO. "Em 1979, entrou na ala "os organizados", do PT".
Quanto a Vannuchi, o general disse que pertenceu à ALN, "dissidência do PCB comandada por Carlos Marighela", e foi preso em 1971, em "um aparelho" em São Paulo. Vannuchi, completou o general, foi julgado pela Lei de Segurança Nacional, condenado a quatro anos de prisão e libertado em 1976.
"Não conheço ato terrorista dele, mas a militância em organização extremamente terrorista, com todos os seus integrantes divididos em exércitos. Zé Dirceu pertencia ao terceiro exército", afirmou o general, mencionando o ex-ministro da Casa Civil.
Com discurso radical, o general Coutinho vislumbrou uma "satanização" das Forças Armadas e uma tentativa de se implantar o socialismo por via democrática.
O general Leônidas Pires Gonçalves, ex-ministro do Exército, classificou a manifestação dos ministros de "recalque pessoal transformado em problema jurídico nacional".
Ministro no governo de José Sarney, o primeiro após a redemocratização do país, Leônidas evocou o argumento de que a tipificação do crime de tortura só passou a existir em 1997, depois da Lei de Anistia, e disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia repetir o rei Juan Carlos e dizer a seus ministros "por que não se calam?"
O general Zenildo Lucena, ministro do Exército no governo de Fernando Henrique Cardoso, disse não acreditar em envolvimento pessoal do presidente Lula com a proposta dos ministros. "Isso é coisa de membros do PT mais radicais."
O presidente do Clube Militar classificou de "inoportuna e extemporânea" a iniciativa dos ministros e disse que a mudança da lei faria "voltar mágoas que não interessam a ninguém".
"Sequestros e assaltos estão todos registrados e tortura não tem registro. A comprovação é mais difícil. O outro lado tem mais a perder", afirmou o general Gilberto Figueiredo.
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